BLC3. Centro de tecnologia e inovação já investiu 38 milhões desde 2011

Com foco nas áreas de bioeconomia e economia circular, onde se somam 63 projetos de Investigação e Desenvolvimento, o centro tecnológico também é incubadora e já ajudou 42 startups da região Centro

Em 2009, em Oliveira do Hospital, João Nunes apresentava a empresários e stakeholders da região a ideia de construir um centro tecnológico e de investigação científica com integração de uma incubadora. Passados dois anos, em 2011, arrancava a atividade da BLC3, Campus de Tecnologia e Inovação, com o objetivo inicial de acrescentar valor à região Centro e criar 20 postos de trabalho para investigadores, meta que já foi largamente superada.

Desde a sua fundação, a BLC3 soma “38 milhões de euros de investimento total realizado direto”, com grande foco na criação de postos de trabalho altamente qualificados e no desenvolvimento de um ecossistema para a “realização do ciclo completo da invenção de novas ideias para o mercado”, contou ao Dinheiro Vivo o presidente e CEO, João Nunes. Atualmente, são 130 os profissionais que trabalham na BLC3, com uma média de idades de 29 anos, sendo mais de 90% altamente qualificados.

Desde a sua génese, o campus focou-se na área da bioeconomia e economia circular, áreas que, à época, “não eram prioritárias” nas políticas nacionais e europeias. Ainda assim, a BLC3 focou-se em desenvolver projetos que contribuem diretamente para a inovação nessas vertentes, onde se incluem, por exemplo, as biorrefinarias.

Trata-se de um projeto orientado para a “valorização de resíduos florestais e matos”, através da sua conversão em substitutos diretos de petróleo que têm depois aplicação direta nos atuais motores de combustão, o que permite “contribuir para a descarbonização”, explicou. Os incêndios rurais, por exemplo, estão também ligados ao abandono da terra e a uma floresta “cada vez mais acumuladora de resíduos e más práticas de gestão” e é também para colmatar estes problemas que surgem as biorrefinarias.

Outro projeto que ajuda a responder diretamente a uma perda da economia nacional está relacionado com o estudo da resiliência às alterações climáticas de plantas como o pinheiro manso e o pinheiro bravo, assim como a valorização da sua resina natural. “Portugal já foi considerado o maior produtor do mundo de resina natural”, produzindo 140 mil toneladas por ano na década de 80. Atualmente, só se produzem cerca de oito mil toneladas, o que se reflete numa perda média anual de “200 milhões de euros”, apontou.

As atividades da BLC3 não passam só pela investigação e desenvolvimento de projetos e tecnologias, embora tenha registados 63 projetos neste âmbito, 73% dos quais desenvolvidos com empresas. Outra área de trabalho é a intervenção direta no tecido empresarial português, nomeadamente ao incubar startups. Desde 2011, já apoiou o nascimento de 42 startups da região Centro, com uma taxa de sobrevivência de 85%, que deram origem, entretanto, a mais sete spinoffs.

“Algumas delas já saíram para áreas industriais, outras entraram em programas de aceleração e outras até de captação de investimento privado”, explicou, referindo que o programa de incubação da BLC3 se posiciona entre os 10 melhores do mundo ao nível de atração de talento e condições de apoio que o campus permite.

Da propriedade intelectual, gestão de inovação e captação de financiamento comunitário à interação com potenciais parceiros e instituições académicas, o impulso dado às startups é transversal. Além das possibilidades de parceria a nível local e nacional, a BLC3 está também focada em proporcionar às empresas incubadas, e também aos seus investigadores, ligações além-fronteiras.

Para atingir esse objetivo, foi criada uma “rede tecnológica e de conhecimento internacional” composta por mais de 70 entidades de nove países europeus e uma outra de cooperação com países de África, América Latina e Ásia.

Date: 2024-06-01

Source: Inês de Almeida Fernandes - Dinheiro Vivo

URL: https://www.dinheirovivo.pt/3658801831/blc3-centro-de-tecnologia-e-inovacao-ja-investiu-38-milhoes-desde-2011/