Há um interior a(para) puxar pelo País: 200 milhões de investimento tecnológico

Centro de inovação de Oliveira do Hospital com projetos de investimento de 200 ME

O centro tecnológico e de inovação BLC3 apresentou, nos últimos dois anos, projetos de investimentos complementares para a industrialização de tecnologias, ligados à bioeconomia e economia circular, num valor superior a 200 milhões de euros.

Desenvolvidos pelo centro BLC3 em cooperação com entidades científicas, de ensino superior, empresariais e centros de interface, estes projetos estão orientados para "a valorização dos recursos biológicos do território agroflorestal e dos matos e incultos, para impulsionar a bioeconomia sustentável e circular", e para "a valorização de resíduos e desperdícios originados nas zonas urbanas para apoiar na transição climática para a descarbonização e diminuição da pressão no uso de recursos naturais com base em modelos de economia circular".

Este conjunto de projetos, que representa um investimento de mais de 200 milhões de euros (ME), significa que "há um interior a e para puxar pelo país, há massa crítica e conhecimento, há infraestruturas tecnológicas e científicas mais robustas e outras novas que nasceram nos últimos dois anos", disse hoje à agência Lusa João Nunes, presidente do BLC3, sediado em Oliveira do Hospital, no interior do distrito de Coimbra.

Um desses projetos é o Lavoisier, que, envolvendo 24 entidades industriais portuguesas, tem a "ambição e determinação" de alcançar "um forte impacto socioeconómico e industrial no interior", destacou o presidente do BLC3.

"Há um interior com capacidade para dar o salto tecnológico e industrial, que será fundamental para um crescimento da economia portuguesa baseado num modelo económico heterogéneo, de micro e mesoescala, e cadeias de valor que podem também ser complementares e não dependentes", sustentou.

Atualmente, sublinhou o responsável, "existem mais de 500 investigadores/cientistas no interior de Portugal, que teve uma forte evolução nos últimos quatro anos, com base no desenvolvimento e implementação de políticas de ciência, conhecimento e avisos de concurso com investimento tecnológico específico para o interior e criação de emprego altamente qualificado, com apoios à mudança de residência do litoral para o interior".

O interior tem hoje "um conjunto de infraestruturas e entidades de elevada importância e com trabalho muito importante, desde Trás-os-Montes ao Alentejo", assegurou.

A BLC3 tem trabalhado e desafiado entidades de interface, como TagusValley, CATAA, CEBAL e Brigantia, e de ensino superior como os institutos politécnicos de Coimbra, Bragança, Guarda, Viseu e Castelo Branco (que "já não são meras entidades de ensino, mas desenvolvem trabalhos e investigação para as necessidades da região e de forma a apoiar o crescimento das empresas"), referiu.

João Nunes apontou como exemplo "o Cecolab, o Laboratório Colaborativo, sediado em Oliveira do Hospital, que, apesar de recente, já lidera a maior rede de conhecimento e ciência a nível internacional, com mais de 50 entidades de 40 países, na área da economia circular, onde estão a trabalhar mais de 30 jovens qualificados, alguns deles de outros países", e o Instituto Politécnico de Bragança.

"Nas regiões rurais e interiores, podemos crescer na agricultura tecnológica, na floresta tecnológica, nos novos produtos, na valorização dos territórios abandonados, nos substitutos derivados de petróleo, nas energias renováveis, nos recursos geológicos, nos serviços dos ecossistemas", sintetizou.

"Há 12 anos era uma utopia pensar em tecnologia e conhecimento e num interior com futuro tecnológico. Hoje, já é uma realidade, mas há um caminho por fazer", reconheceu o presidente da BLC3, considerando que "as condições de hoje, as políticas atuais e o conhecimento" têm de ser "a aposta para o interior garantir o seu futuro".

Data: 2021-11-11

Fonte: RTP NOTÍCIAS

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